"Símbolos, alegorias, rituais e mitos": como os republicanos moldaram o imaginário popular

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ARTIGOS

5/2/20251 min read

A Proclamação da República é um dos temas mais contraditórios da história do Brasil. Imposta pela elite intelectual, política e militar, a república veio ao Brasil num contexto em que a participação popular foi nula. O brilhante historiador José Murilo de Carvalho analisa esse momento histórico em alguns de seus livros, como por exemplo no importante A Formação das Almas.

No meio de um público de baixo nível de educação formal, foi por meio do imaginário que os repúblicanos buscaram legitimar o seu regime político antes e depois do 15 de novembro de 1889. A elite intelectual, incumbida de expandir as ideias republicanas, usou e abusou na tentativa de criar um imaginário popular por meio de símbolos, alegorias, rituais e mitos.

O uso desse artifício é muito interessante, pois é parte indispensável de qualquer regime político que visa, pelo meio mais fácil, conquistar o povo para a sua causa. Naquele tempo, diante de um público mais católico e monárquico, valia tudo, até transformar Tiradentes em uma espécie de Jesus Cristo. O símbolo da figura feminina, tão usado nas revoluções republicanas, aqui vingou só timidamente por meio dos positivistas (participantes da proclamação), mas nem de longe era aquela mulher belicosa do quadro de Delacroix.

Recomendo de olhos fechados o livro de Murilo de Carvalho. O 15 de novembro de 1889 é mais um capítulo da contraditória porém apaixonante história do Brasil.