Simbolismo

LITERATURAMOVIMENTOS LITERÁRIOS

George Lucas Casagrande

7/15/20252 min read

O Simbolismo floresceu na Europa nas décadas de 1880 e 1890. No mesmo momento em que os pintores impressionistas diluíam os contornos dos objetos em jogos de luz, os poetas simbolistas também abandonavam a descrição fixa e objetiva, preferindo captar o ritmo fugaz do instante e a constante transformação do real. Buscavam expressar aquilo que escapa às formas definidas e não se revela por caminhos diretos.

A base dessa estética é a crença em um mundo ideal, de inspiração platônica, acessível apenas por meio da beleza. Antes mesmo de 1890, o Realismo já apresentava sinais de esgotamento, e, em oposição a ele, cresceu o interesse pelo mistério, pela religiosidade e pelo incompreensível. Assim, para o simbolista, o mundo sensível não constitui o verdadeiro real; o que importa não é o objeto em si, mas sua essência, captada por sugestão. O domínio desse sugerir, e não o descrever, constitui justamente o símbolo.

O procedimento comparativo, tão recorrente no Romantismo e no Parnasianismo, desaparece. As imagens deixam de ser paralelas e passam a se sobrepor em associações múltiplas. A musicalidade volta a ocupar lugar central: a palavra, antes presa a uma sintaxe rígida e lógica, liberta-se na busca do indefinido e do misterioso. Com isso, ganha força pela sonoridade, pois se atribui aos sons e ritmos o poder de evocar a Idéia. A métrica tradicional perde seus limites, abrindo caminho para o verso livre, marco importante da poesia moderna.

A figura do esteta, voltado exclusivamente à beleza ideal, ganha destaque, reforçando a imagem da “torre de marfim”, onde o poeta se isola do mundo para evitar a vulgaridade cotidiana e cultivar o belo com devoção quase religiosa. Esse distanciamento contribuiu para a fama de excentricidade dos simbolistas, que buscavam se diferenciar do materialismo dominante. A eles estava reservado o domínio do espiritual, do intuitivo e do inconsciente.

No Brasil, os principais representantes são Cruz e Sousa (1861–1898) e Alphonsus de Guimaraens (1870–1921). Um fragmento do poema “Antífona”, de Cruz e Sousa, que inicia este capítulo, exemplifica bem o estilo: fluidez formal, ausência de rigor métrico, uso alegorizante de maiúsculas para expressar ideias platônicas e a recorrência de imagens de alvura e transparência, reveladoras da atmosfera mística que caracteriza essa poesia.