Parnasianismo

LITERATURAMOVIMENTOS LITERÁRIOS

George Lucas Casagrande

7/15/20251 min read

Paralelamente à ficção realista e naturalista, a ruptura com a visão de mundo romântica estimulou o surgimento de uma tendência poética denominada Parnasianismo. Rigorosos cultores da forma, os parnasianos buscavam, com extremo cuidado, a palavra “exata” para a composição poética. Em oposição ao tom confessional da poesia romântica, aspiravam a uma impessoalidade depurada de subjetividade, valorizando a perfeição técnica acima da espontaneidade emocional.

Impassíveis e “impecáveis”, os versos parnasianos voltam-se sobretudo para fenômenos naturais e acontecimentos históricos, afirmando uma arte em que predomina a forma sobre o conteúdo, a técnica sobre a inspiração. A imaginação submete-se ao mundo objetivo, e a cor local, tão valorizada pelos românticos, perde espaço diante da busca de um universalismo que rejeita o exótico. Dessa contenção lírica decorre a impessoalidade rigorosa, em que a emoção cede lugar à sobriedade. Em muitos poemas, porém, essa sobriedade evolui para uma impassibilidade rígida, que confere ao verso um aspecto quase marmóreo.

O princípio da arte pela arte, já presente no Neoclassicismo, ganha aqui seu desenvolvimento mais radical: a arte não tem finalidade moral, social ou política, mas existe apenas em função da beleza formal. O poeta, nesse contexto, afasta-se da vida social para dedicar-se exclusivamente ao refinamento estético. Assim, desaparece da poesia qualquer preocupação com questões coletivas ou existenciais mais profundas.

Na Europa, destacam-se Leconte de Lisle (1818–1894) e Sully Prudhomme (1839–1907). No Brasil, Alberto de Oliveira (1857–1937), Raimundo Correia, Olavo Bilac e Vicente de Carvalho são os principais representantes, consagrando o Parnasianismo como uma das expressões marcantes da poesia da virada do século XIX.