O romance picaresco

LITERATURAGÊNEROS LITERÁRIOS

George Lucas Casagrande

7/15/20251 min read

A narrativa picaresca, geralmente, gira em torno de um protagonista de origem humilde, muitas vezes marginalizado, astuto e transgressor. À margem das normas sociais, ele supera obstáculos por meio de sua esperteza, da criatividade e de pequenas infrações que desafiam uma ordem estabelecida. A trama acompanha suas andanças em diferentes cenários, como viagens e deslocamentos, o que permite ao narrador retratar costumes, paisagens e aspectos culturais do ambiente social em que a história se desenvolve.

No contexto brasileiro, esse tipo de romance ganha muita criatividade com a figura do malandro, que vive em meio a artimanhas e improvisos, driblando constantemente as normas sociais. Nesse sentido, a malandragem torna-se uma forma de leitura crítica da sociedade, revelando desigualdades e contradições do meio urbano e popular.

Um exemplo clássico é Pedro Malasartes, personagem de origem ibérica que se incorporou profundamente ao folclore brasileiro, aparecendo em contos em que sempre vence pelo riso, pela trapaça inteligente e pela subversão dos poderosos.

Entre os principais autores ligados ao gênero, destacam-se o anônimo responsável pelo primeiro romance picaresco, Lazarilho de Tormes; Henry Fielding, com Tom Jones (1749); Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias de um Sargento de Milícias (1854); e Mário de Andrade, com o modernista Macunaíma (1928).

No cinema, a figura do pícaro ou malandro também ganhou destaque em diversas obras. Em O Bandido da Luz Vermelha (1968), Rogério Sganzerla cria um anti-herói que transita entre a marginalidade e o humor ácido. Outro exemplo é Bye Bye Brasil (1979), de Cacá Diegues, que acompanha personagens errantes cujas estratégias de sobrevivência revelam o país real em suas contradições e desigualdades.