O romance de formação
LITERATURAGÊNEROS LITERÁRIOS
George Lucas Casagrande
7/15/20251 min read
Como disse em meu texto sobre o gênero romance, é importante compreender que esse gênero se desdobrou ao longo da história e se apresenta em diferentes classificações. Mesmo que eu não aprecie tanto essa nomenclatura, devemos utilizar o termo "subgênero" para nos referirmos aos diversos tipos de romance.
É preciso reconhecer também que enquadrar uma obra dentro de um subgênero fixo nem sempre é tarefa simples. Muitas vezes, o romance se apresenta de forma multiforme. Por exemplo, Os sofrimentos do jovem Werther (1774) é, ao mesmo tempo, um romance epistolar e um romance sentimental.
O romance de formação é um desses subgêneros que atravessam a história literária. Vítor Aguiar e Silva o define da seguinte forma:
“Que narra e analisa o desenvolvimento espiritual, o desabrochamento espiritual, a aprendizagem humana e social de um herói. Este é um adolescente ou jovem adulto que, confrontando-se com seu meio, vai aprendendo a conhecer-se a si mesmo e aos outros, vai gradualmente penetrando nos segredos e problemas da existência, haurindo nas suas experiências vitais a conformação do seu espírito e do seu caráter.”
Portanto, o romance de formação tem como principal característica a jornada de amadurecimento do protagonista, que, inserido em um determinado meio, aprende sobre si mesmo e sobre o mundo ao seu redor.
Entre os romances de formação mais conhecidos estão: David Copperfield (1850) e Grandes esperanças (1861), ambos de Charles Dickens; O retrato do artista quando jovem (1916), de James Joyce; O pai Goriot (1835), de Honoré de Balzac; Jane Eyre (1847), de Charlotte Brontë. No Brasil, esse subgênero se manifesta em obras como Menino de engenho (1932), de José Lins do Rego, e Amar, verbo intransitivo (1927), de Mário de Andrade.
No cinema, o romance de formação também encontra espaço significativo. Um exemplo marcante é Boyhood: Da infância à juventude (2014), dirigido por Richard Linklater, que acompanha o crescimento de um garoto ao longo de 12 anos. Outro bom exemplo é As vantagens de ser invisível (2012), dirigido por Stephen Chbosky, que aborda o amadurecimento emocional e social de um adolescente introspectivo.