Modernismo
LITERATURAMOVIMENTOS LITERÁRIOS
George Lucas Casagrande
7/15/20252 min read
A arte do século XX ganha força após a Primeira Guerra Mundial e marca uma ruptura profunda com a tradição. Se antes a arte buscava reproduzir fielmente a realidade, agora passa a interpretá-la, abandonando a função mimética. O Modernismo não constitui um estilo único, mas um conjunto de tendências que refletem mudanças no pensamento provocadas por Einstein, Freud, Nietzsche e Marx, todas questionando o papel central do homem como sujeito do conhecimento.
Entre as vanguardas que influenciaram esse cenário, o Futurismo destacou-se por rejeitar o academicismo e exaltar a velocidade, a técnica e a modernidade. Embora não tenha sido adotado integralmente no Brasil, inspirou atitudes de ruptura entre os modernistas, especialmente Oswald de Andrade. O Cubismo, iniciado com Picasso, propôs a decomposição e recomposição do objeto, gerando uma estética fragmentada que, na literatura, valorizou a quebra da lógica causal e o destaque expressivo de detalhes.
O Dadaísmo surgiu como negação absoluta das formas culturais, defendendo a destruição da arte e a abolição da lógica. Sua impossibilidade prática abriu espaço ao Surrealismo, que, sob André Breton, buscou explorar o inconsciente, o mundo dos sonhos e a escrita automática. Apesar de não terem se estruturado como movimentos sistemáticos no Brasil, deixaram marcas pontuais, perceptíveis, por exemplo, nos primeiros poemas de João Cabral de Melo Neto.
Essas vanguardas partilham alguns traços gerais que caracterizam o Modernismo. Como observa José Guilherme Merquior, há uma concepção lúdica da arte, que abandona o tom sacralizado do século XIX e adota o experimentalismo como princípio. Há também a preferência por figuras mais abstratas, de caráter quase mítico, em vez de personagens individualizados, bem como a tendência à alegoria, que busca expressar o reprimido e questionar a ordem racional.
No Brasil, o Modernismo se divide em duas fases. A primeira, inaugurada pela Semana de 1922 e liderada por Mário e Oswald de Andrade, privilegia a poesia e a ruptura formal. A segunda, a partir de 1930, fortalece a prosa com Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Jorge Amado, Érico Veríssimo e Rachel de Queirós, enquanto a poesia alcança maturidade com Drummond, Murilo Mendes e Jorge de Lima.
O estudo dos períodos literários revela como critérios estéticos e ideológicos variam no tempo, condicionados por fatores históricos, sociais e psicológicos. Embora se classifiquem épocas por rótulos como barroca, romântica ou modernista, a literatura se sustenta, sobretudo, na voz singular de cada autor, que ultrapassa qualquer delimitação de estilo ou período.
