Formas que unem teatro e música

LITERATURAGÊNEROS LITERÁRIOS

George Lucas Casagrande

Desde as origens do teatro ocidental, a música desempenha um papel fundamental na construção do espetáculo. Ela aparece tanto como acompanhamento sonoro quanto integrada ao diálogo das personagens, influenciando diretamente a atuação dos intérpretes. Por esse motivo, diversas formas dramáticas que combinam música e representação foram criadas ao longo da história e permanecem vivas nas culturas europeias e também nos países que receberam influência da tradição teatral europeia.

A ópera

A ópera é uma forma teatral que reúne características do drama trágico ou lírico, estruturando-se inteiramente em canto acompanhado por orquestra e, frequentemente, por trechos de dança. Surgida na Itália no século XVI, rapidamente conquistou o público europeu. Cênicamente, difere do teatro convencional: seu texto recebe o nome de libreto, um roteiro que resume a ação dramática e orienta aquilo que será cantado no palco.

O gênero se subdivide em várias modalidades:

  • Ópera séria ou grande ópera: de caráter trágico, é inteiramente cantada e costuma incluir cenas grandiosas com coros e grandes elencos.

  • Ópera-bufa: também inteiramente cantada, mas com enredos cômicos.

  • Ópera-cômica: alterna partes cantadas e faladas, com forte presença de humor e elementos farsescos.

  • Ópera espiritual ou oratório: peça lírica de temática elevada, geralmente de caráter religioso.

A opereta

A opereta merece destaque por sua grande popularidade entre os séculos XIX e XX. Trata-se de uma forma mais curta e leve que a ópera, com libreto e música de tom alegre e dinâmico. A narrativa alterna trechos falados e cantados, resultando em um espetáculo mais descontraído. Embora tenha origem francesa, alcançou seu auge com o compositor austríaco Johann Strauss, que consolidou o estilo em toda a Europa.

O melodrama

A palavra melodrama deriva do grego melo (música) + drama (ação), o que revela sua origem como um gênero teatral com forte presença musical. No século XVI, o termo inicialmente era sinônimo de ópera. Mantinha enredos inspirados no teatro trágico greco-latino. Após 1790, porém, o melodrama se descolou da música e passou a existir como peça teatral independente — embora conservasse a tendência ao trágico.

O melodrama moderno, segundo Moisés (1997), é uma peça em prosa marcada por elementos de fácil apelo dramático: sentimentalismo exagerado, comicidade pontual, crimes, mistérios, situações de suspense, incêndios, ameaças, medos e equívocos resolvidos quase milagrosamente, geralmente envolvendo finais felizes. Sua linguagem é simples, acessível e voltada à emoção, construída em ritmo acelerado e sem compromisso com a verossimilhança.

Dessa tradição derivam diretamente as telenovelas e as radionovelas, herdeiras contemporâneas desse tipo de narrativa.

O vaudeville

O vaudeville é uma comédia leve repleta de canções populares e números musicais, construída a partir de enredos divertidos, mal-entendidos e situações cômicas. Surgiu na França no século XVI e se manteve amplamente popular até os séculos seguintes. No século XIX, migrou para os Estados Unidos, transformando-se no music-hall, um teatro de variedades que incluía magia, dança, canto e outras atrações. Dessa vertente nasceriam os musicais do cinema de Hollywood.

Na França do século XIX, o vaudeville evoluiu ainda para uma comédia rápida e acessível, sem pretensões intelectuais, mas extremamente bem-sucedida entre o grande público.