Forma iluminista: o drama burguês

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George Lucas Casagrande

O drama burguês, também chamado de tragédia burguesa, consolidou-se no século XVIII como um gênero sério situado entre a comédia e a tragédia. Ele rompe com a rigidez da tragédia clássica ao substituir os heróis da história greco-romana por personagens comuns, cidadãos da burguesia, representados em seu ambiente cotidiano e nas circunstâncias próprias de sua classe social. Como observa Moisés (1997, p. 162), essa mudança implica a incorporação de certo realismo, aproximando a cena teatral das tensões, conflitos morais e dilemas familiares vividos pelo público da época.

O gênero ganhou força graças à influência das ideias iluministas, especialmente a valorização da razão, da moralidade e da experiência humana comum. Dramaturgos como Denis Diderot e Beaumarchais foram fundamentais para essa transformação ao defenderem um teatro voltado para a educação moral do espectador. Assim, o drama burguês assume uma função pedagógica e ética: exaltar virtudes, denunciar injustiças sociais e mostrar que emoções e conflitos dignos de tragédia também existem na vida cotidiana das pessoas “comuns”.